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terça-feira, 21 de agosto de 2012

DIA DOS PAIS E DAS MÃES SÃO TODOS OS DIAS.



Sempre que vou ao Nordeste fico com a imagem dos meus pais na cabeça, é lógico eu me lembro deles sempre, mais como eles são doentes a minha dor misturada com saudade e preocupação é maior.
 Em dois mil e sete o meu pai ainda lembrava de mim e ri muito com as coisas dele.
Dois mil e nove apesar de já estar com Alzheimer mais avançado, e não se lembrar mais de mim gostou muito de ficar ao meu lado, e sempre que eu falava que viria embora ele perguntava por quê? E pela milésima vez eu contava que a minha casa e família era em Santa Bárbara.
Um dia ele me falou. Como você estar muito gorda irei cortar ao meio e uma metade fica, a outra vai, eu ri e perguntei. Então o senhor vai me matar? Ele muito triste respondeu morrer não, talvez na mente tenha vindo a morte da minha irmã Bernadete (Deta) que havia morrido em dois mil e cinco, ele ama ver fotos e quando tinha alguma de Deta ele dizia: Essa não volta mais, e passava a fato rápido, segundo me contaram ele sofreu muito e não saia de perto do caixão.
No dia da minha saída eu estava com ele na área e a mala de um lado esperando meu cunhado, ele me olhou muito triste e perguntou. Você tem mesmo que ir embora? Vá não, você vai e depois demora muito e ficou com os olhos cheios d’ água eu sai com o peito apertado.
Já esse ano nem por um minuto ele se lembrou quem eu era e dificilmente ficava calmo comigo, principalmente quando me via perto de mãe virava bicho.

 os dois viraram crianças, eu sou muito besta pra rir então ria muito, minha mãe contando suas aventuras da juventude, e os sonhos mais loucos que vocês possam imaginar.
Foi um mês e quase três semanas muito divertidas, um mais engraçado que o outro, como diz minha irmã Ceia, pena que ela nem tempo de rir e ficar os escutando tem, Mãe tem uma coceira que só por Deus, coça aqui, coça ali, tinha que ter umas quatro ou cinco mãos (risos).
O Papai quando nos vê perto de Mãe vira leão, e se não correr o bichinho que quase não anda mais, ao nos ver junto dela corre igual um leão atrás da caça. Ai de nós se ele nos pega machuca mesmo.
Além de implicar com a gente, ele faz cada uma, exemplo, conversar com uma boneca que na cabeça dele é um bebê, conversar e brigar com a imagem dele no espelho. 

Umas vezes bate longos papos, outras vezes xinga e chama o seu reflexo de bobo, feio e perna torta.
Outro dia ele vinha da cozinha implicando com sua imagem refletida no espelho e falou. Ó veio feio das pernas torta e cuspiu nele, foi demais, muitos vezes vinha pra me bater e eu tinha que lhe mostrar o chinelo, ele corria e dizia PUTA safada, outro dia estávamos eu, Socorro, Laura e Neta na cozinha ele chamou Ceia no quarto e perguntou. Quem são essas putas? Ceia deu uma gargalhada e respondeu. Todas suas filhas. Não elas não são não.
Outro dia ele perguntou. De quem é essa casa? Ceia: Tudo aqui é seu você foi um grande homem trabalhador, honesto, esforçado um vencedor e graças a Deus tem algumas coisas, e ele então eu sou rico? Hum Nem tanto, mas dar para nos manter. Então será que o meu dinheiro não dava para mandar consertar minha perna? É que fizeram uma cirurgia no joelho dele mal feita, e nunca mais ele andou direito.
Nos últimos dias sempre que ele vinha pra me agredir pegando os meus punhos fortes eu começava a cantar. Parabéns pra você nessa data querida, ele terminava rindo e batendo palma também.
Eu ri, me emocionei, senti pena, tristeza e uma dor que só Deus e eu sabemos, e quando eu o via no seu mundinho o meu coração doía. E hoje me lembrando do seu rostinho como me sinto pequena, se eu morasse mais perto ficaria a maior parte do meu tempo junto dele e Mãe.
Os dois precisam muito de carinho, amor e que tenha alguém para ficar ao lado deles vinte e quatro horas por dia, não é fácil, os pais criam e fazem tudo pelos filhos e no final da vida os filhos todos casados com seus compromissos sem ter condição de ficar cuidando dos pais.
No caso deles tem a minha irmã que virou mãe dos dois, e os meus irmãos que moram no Recife sempre que podem estão do lado deles, mas e eu? Morando tão distante, sem saúde fica muito difícil, mas Deus sabe do meu amor, da minha vontade de estar junto deles, e como é difícil eu ir sempre.
EU ESTOU AQUI, MAS MINHA CABEÇA E CORAÇÃO ESTÃO DIVIDIDOS sempre. Joana D'arc Nunes de Araújo Alves Ferreira.

Um comentário:

professora Irene Guedes disse...

Darc, uma homenagem sem preço viu?tomara que você possa ir mais vezes e sentir de perto essa presença que lhe faz bem.Abraços.