Com o passar dos
anos o que mudou na sua vida? Comigo muitas coisas aconteceram, mas o que mudou
mesmo foi a minha saúde: eu sempre fui elétrica, amava o perigo e nunca me
cansava, ao contrário, quando mais fazia me sentia viva e feliz.
Eu lembro-me que além de ajudar em casa com os
meus irmãos menores, eu era a responsável por colocar água em casa e lavar as
roupas nos tanques ou açudes, isso eu com uma lata de dez litros, a qual eu
mesma colocava na cabeça e com apenas nove anos de idade, todos os dias eram no
máximo dez latas d'água.
E como eu amava
fazer favores, jamais me neguei ajudar, e todos os dias logo após terminar meus
afazeres de casa, em seguida ia colocar água na casa de uma senhora que era uma
vó para mim, isso no sitio onde morávamos.
Jamais esqueço, as
amigas da minha mãe costumava dizer: Mariquinha, quando essa menina estiver com
cinquenta anos de idade ela não anda mais.
Eu ria e falava: com
cinquenta anos estarei velha e morta. Hoje, com sessenta e seis anos estou eu
aqui viva, sem saúde e querendo viver, apesar das dores.
De certa forma as
profecias das amigas da minha mãe se concretizaram e eu acabei com minha saúde,
vivo com dores dia e noite, ainda assim, eu me sinto bem por que ando e consigo
fazer minhas tarefas de casa.
Eu sei! Estraguei
minha saúde, muitas vezes por necessidade, mas outras por imprudência, além de
fazer as tarefas de casa, amava ficar horas tomando sol deitada na pedra
quente, depois pulava na água fria; com isso vivia com, principalmente o nariz
que mais parecia de um palhaço.
Eu tenho certeza, a mais prejudicada foi a
minha coluna, pois quando eu estava em fase de crescimento peguei muito peso,
eu não sabia andar devagar, vivia correndo e desafiando o perigo em todos os
sentidos e como montava muito bem não conseguia andar normal, eu queria como se
diz hoje, adrenalina e galopava feito uma maluca, eu acredito que só não morri
por que Deus ama crianças inocentes.
Tinha algo que
desde pequena eu escutava os mais velhos dizerem, na verdade eu achava um
absurdo. Era o seguinte, os antigos diziam, quando morre uma criança na casa,
os pais nunca devem por o mesmo nome em outra, o mesmo atraí coisas ruins, tipo
a criança morrer ou ser muito doente, porém fizerem bem pior, no nosso caso foram
três antes de mim.
Na verdade o meu
avô quem costumava ajudar nas escolhas dos nossos nomes, o meu, então! Foi uma
comédia, o meu avô por duas vezes colocou o nome, Joana D'arc nas suas
primeiras filhas, porém as bonitinhas foram para o beleleu.
Então quando papai teve a segunda filha, meu
avô pediu para pôr Joana D'arc, ela também bateu as botas.
E quando eu nasci; mais uma vez, Joana D'arc,
eu sobrevivi, mas toda doença que era para vir para as engraçadinhas, foi pra
quem? Eu a besta que escreve esse texto.
Gente eu durmo e
acordo com dores, tenho ate vergonha de contar meu drama mais como eu sou forte
e tenho muita fé em Deus, vivo feliz, rindo e agradecendo a papai do céu por
estar viva, apesar dos pesares.
Bom, essa é parte
da minha história de vida, mas nada eu mudaria, quer dizer eu mudaria sim,
teria estudado mais, foram tantas oportunidades e chances que desperdicei que
só Deus e eu sabemos.
Por isso peço: jovens aproveitem todas as chances
que Deus e a vida lhe der. Cuide da sua saúde e do seu futuro.
Joana D'arc N.
Araújo A. Ferreira