Jorge Fernando, meu orgulho, meu porto
seguro, e que nas horas mais difíceis esteve ao meu lado, ao contrário do Cris,
ele nunca gostou de estudar, fugia da escola como o diabo foge da cruz, mas
quando perdeu o pai aos doze anos, ele ficou doente, aliás, ele teve febre durante
quinze dias, os três, eles eram muito apegados com o pai e vice-versa, mas o
que mais deu trabalho foi o Fernando, e de repente foi como um milagre, não sei
como, mas quinze dias depois foi como se ele tivesse acordado.
Não gente, não foi pra tanto, estudar
estava fora de cogitação, mas voltou a escola, e faltava mais que político ao
trabalho, tadinho, mas em compensação ele resolveu que seria o dono da casa, e
resolveu trabalhar, primeiro vendeu tudo o que podia, codornas, gaiolos,
bicicleta do pai etc. e além de estudar meio forçado, catava papelão, trabalhou
de servente, enfim lutou, e como prometeram o material escolar deles na escola,
Cris e Andrea muito vergonhoso, ele correu atrás junto comigo.
E para sua sorte, com treze anos, num
salão trabalhando de servente, o homem o qual o salão seria para ele montar uma
fábrica de antena parabólica, o vendo ainda uma criança e tão esforçado,
perguntou; porque você está trabalhando de servente? Fernando respondeu; o meu
pai morreu não faz um ano, e tenho que trabalhar para ajudar a minha mãe, o
cara falou; aqui será uma fábrica, e a partir de hoje você está contrato, e
junto com esse senhor que irá tomar conta da fábrica, você será meu primeiro
contratado, ele chegou em casa numa alegria, ele já estudava a noite, no dia seguinte começou, e como não era tão longe de casa, e
ele já tinha sua bicicleta vinha todos os dias almoçar em casa, me deixando com
o coração na mão porquê teria que atravessar a pista.
De imediato foi registrado, começou
ganhando um salário mínimo e uma cesta básica, quando a fábrica abriu, o
Cristiano foi trabalhar lá também. Três anos depois a fábrica faliu, pagaram todos
os funcionários, e para o Fernando, eles deram todas as antenas e materiais
para ele continuar com sua profissão, e falaram se você conseguir vender e encontrar
alguém para juntos estalar antenas e arrumar televisão etc., nunca mais você
irá trabalhar para ninguém, em 1994, aqui em Santa Barbara dó Oeste, as
televisões chovia mais que nos anos 70 no Nordeste.
E foi o que aconteceu, nunca mais parou,
e graças a Deus, tudo que quer fazer dá certo, aos dezesseis anos, ele comprou
seu primeiro carro, mas quem dirigia era o amigo que trabalhava junto como ele.
Aos dezoito já com sua carta de motorista, sempre muito batalhador e
determinado, no terreno nosso, além da garagem, sala, cozinha, quarto e
banheiro, montou algo para trabalhar nos fundos da casa, hoje casado, um filho
ele continua trabalhando por conta, obvio!
Não mais com antena parabólica, mas graça a Deus, nunca ficou sem serviço, eu
só fico triste porque ele não se cuida, por todo sofrimento que ele passou com
a perda do pai, sinto que ele precisa de ajuda, mas não adianta falar, engordou
muito, vivi só para trabalhar, no fundo medo de morrer e deixar a família como
ficamos com a morte do pai.
Não quer sair, nem descansar nem final
de semana, é um bom pai, bom esposo, leva o filho onde ele quer ir, a mulher
idem, mas dificilmente quer ficar junto. Deus! Todos os dias eu peço, faz meu
filho Jorge Fernando, querer se cuidar, ir aos médicos que precisar e tentar
ser mais feliz, é muito exigente com ele mesmo.
Como eu acredito, rezo e vivo
conversando muito com Deus, eu creio que ele ainda vai entender que tem que
pensar mais nele, ajuda todo mundo, quer resolver os problemas de todos, seja
de alimentação, saúde, mas nele nunca pensa. Deus proteja meu filho.
Joana Darc Nunes de Araújo Alves Ferreira.