Às vezes eu me pego pensando no meu
passado, aliás sempre, e ao me lembrar de tudo que vivi desde que eu me entendo
por gente me surpreendo, não só pelo sofrimento, pobreza, escassez de tudo, as
perdas, eu lembro que aos dez anos tive minha primeira perda, um irmão de nove
meses no qual eu era muita apegada. Na verdade, foram tantas dificuldades, mas
apesar de tudo eu nunca desanimava, eu sabia, mesmo sem entender que existia
uma força dentro de mim, e não é que eu falava com alguém imaginário, isso ou
em baixo de um pé de algodão, ou em cima de uma enorme pedra que tinha no
Terreiro da nossa casa no sitio (Quintal.
Depois escutando os mais velhos falar
de Deus, as vezes indo à missa e me preparando para primeira comunhão aos dez
anos, eu entendi, eu conversava com Deus, e no decorrer dos anos, ao perder meu
marido e uma filha do coração, eu percebi que desde criança, Deus esteve ao meu
lado me dando força e me ensinado como deveria agir em momentos tão difíceis.
Meus amigos, tristes de quem não acredita, tem fé e crer em Deus, infelizmente sem
Deus, eu não era ninguém.
Uma coisa eu lembro, sempre perguntava
a Deus se o mundo era só ali no nosso sitio, e ao subir nessa pedra enorme eu
me perguntava o que será que existe onde me vista não pode ver, mas era feliz,
simplesmente porque eu não conhecia outra vida, mas no fundo eu acreditava em
algo diferente, mesmo com minha pouca idade.
E aos dezessete anos, já não estava
mais morando do sitio, e sim na cidade, mas na primeira oportunidade que eu
tive saí da cidade de Itapetim, foi uma experiência única e maravilhosa, onde
eu aprendi que o mundo não se resumia só aquela região do sertão nordestino.
E vim para onde? São Paulo, e mesmo não
ficando no melhor bairro, nem perto do centro de São Paulo, eu vivi momentos
maravilhosos, e o que mais eu amava era andar de ônibus, achava incrível, era
como se eu tivesse vivendo duas vidas, minha tia me levava ao centro de
Guarulhos, Penha, Tatuapé, entre tantos, e quando ia pro centro de São Paulo,
era como está dentro de um sonho.
E quando eu voltei a Itapetim um ano e cinco
meses depois, eu me sentia um peixe fora d’água, dez meses depois estava de
volta a são Paulo, mas antes fui conhecer o Rio de janeiro.
Um ano e quatro meses de novo, de volta
a minha cidade, e nesse período, agora com dezenove anos, no fundo eu sabia,
não quero ficar aqui, mas vou viver essa nova faze antes dos vinte e um anos
com tudo que tiver direito, então namorei muito, passeie, fui curtir minhas
primas e amigas, não perdia uma festa, excussões, ria muito, levava tudo na
brincadeira, não deixava a peteca cair, e comigo era, bateu levou.
Eu não sei por ter passado esse tempo
fora de Itapetim, eu me achava, ou era as pessoas que achavam, risos. Eu sei
que vivi momentos únicos. Sofri por amor, fiz pessoas sofrerem, roubei
namorados, mas nunca briguei, as minhas adversaria chifradas que dizia o bicho
comigo, obvio eu fingia não ser comigo, às vezes eu só respondia; o que vem de
baixo não me atinge.
As minhas melhores amigas sempre foram
minhas primas, mas tive três amigos homens muito queridos, Jarbas, Marcos e o
Gil.
Quanto
as minhas primas e amigas até hoje somos amigas, obvio tive muitas amigas que
não eram primas, e tive uma muito especial em Guarulhos, uma garota tímida,
simpática e boa gente, como sinto saudades dela, mas ela foi morar no céu á
treze anos.
Graça
a Deus, sou fácil de fazer amizade, mas existe um, porém, se eu olhar nos olhos
de alguém e não sentir confiança, saí de baixo, e dificilmente erro, agora
existem alguns, tanto amigos, como namorados que foram especiais.
Mas
quando eu decidi que Itapetim, não seria mesmo onde eu queria viver pensei
bastante, e o que fiz? Resolvi viver com sabedoria, mas intensidade, e até hoje
ao me lembrar sinto saudades, paz, felicidade alegria e realização, porque vivi
tudo no meu tempo, e mesmo muitos acreditando que quem vive do passado é museu,
com honestidade, ao contrário feliz de você, eu e quem tem um passado para se
lembrar e saber que foi feliz, realmente, eu me sinto privilegiada por Deus ter
me deixado viver e hoje poder contar como fui abençoada mesmo sendo pobre. Ate
a próxima, tem mais.
Joana Darc Nunes de Araújo Alves
Ferreira.