Eu sempre falo, se tem algo que amo de verdade é escrever, eu
gosto de contar como eu vivi, claro! Nem eu consigo entender como vivemos e
fomos criados, era tantas dificuldades, pobreza e problemas que fica difícil
acreditar como ainda assim éramos animados, nos faltava até o essencial, eu
pelo um menos fui feliz, naquela época além de comermos muito mal, andávamos
quase pelados, a nossa sorte era uma tia, ela não era rica, mas tinha uma
situação bem melhor que a nossa e como tinha três filhas e criava mais duas,
sempre nos dava as roupas usadas, mãe como boa costureira reformava as que não
nos servia, era que algumas das filhas eram bem mais velha que a gente.
Mãe por ignorância,
ingenuidade ou falta de ter com quem conversar, a minha mãe tinha um filho
atrás do outro, ao todo treze filhos, graças a Deus pensaram e mandaram as duas
filhas mais velhas para estudar na pequena cidade de Itapetim na casa da minha
avó paterna, então sobrou tudo para mim e com uns sete anos, eu já ajudava
minha mãe com os irmãos menores, com nove anos eu abastecia a casa de agua seja
dos açudes ou tanques, isso com uma lata de dez litro na cabeça, depois ia
lavar toda a roupa de casa, sempre gostei de limpeza e como muitos de nós fazia
xixi nas redes com medo de ir no terreiro (quintal) é porque o banheiro era o
mato, e mesmo existindo pinico, e o medo de descer da rede no escuro, então preferíamos
fazer ali mesmo nas redes e passar a noite se lascando no frio e fedor.
No outro dia sobrava pra mim a mais velha, sinceramente nossa
vida foi como viver dentro de um pesadelo sem fim e mesmo quando eu com dezesseis
anos, a minha mãe com todos nós, tendo nos
mudado para cidade o sofrimento não diminuiu, dia sim de não, eu tinha que ir
pro sitio cuidar de alguns animais, para nós nada mudou a pobreza nos acompanhou,
apesar de logo meu pais comprar a casa dos meus avós maternos que ficava no
centro da cidade, a casa era de doer, janelas e porta da frente todas cheias de
flechas, o bom era que nem precisávamos abrir as portas já víamos de tudo.
Aliás, nem chave tinha, graças a Deus vimemos numa época que
não existia assalto, nem estuprador e se algum desses entrasse, o primeiro
teria tanto dó que passava a roubar rico para nos ajudar, já o estuprador,
morria na pancada era muita gente na casa, risos.
Graças a Deus, só não passamos fome, mas que nos faltava
muita coisa como nos faltava, só por Deus, roupas era um fracasso, a minha
sorte é que um ano depois que havia mudado pra cidade, rumei destino a são
Paulo.
Vivi uma grade aventura, mas jovem, louca apesar de tendo
tudo com minha tia em Guarulhos São Paulo quis voltar, mas só aguentei dez meses,
daí voltei para são Paulo, dei a gota um ano e quatro meses depois eu voltei
pro sofrimento, mas graças a Deus foi bom, eu vivi momentos incríveis, três
anos depois retornei a Guarulhos são Paulo e nunca mais voltei, vou só a
passeio. Hoje graças a Deus, todos os irmãos casados, só eu e meu irmão Erasmo,
nós resolvemos nos mudarmos pro Sudeste, os outros nove, eles ficaram no Nordeste
Pernambuco, são todos bem resolvidos.
Mas se você me perguntar, mas você é feliz? Eu respondo, a
felicidade quem faz é você, sendo agradecida, sabendo viver e entender que nada
é para sempre e que a vida e feita de bons momentos, portanto temos que viver e
aproveitar a vida com boas ações, bons pensamentos e muita sabedoria e se poder
ajudar ajude sempre, jamais aja de má fé.
Eu penso assim, se alguém me faz mal, ou faz algo que eu sei
que ele ou (ela) está errada e está tentando tirar vantagem da minha pessoa,
não pense que sou burra ou ingênua, simplesmente eu acredito na lei do retorno,
aqui se faz, aqui se paga com certeza um dia a conta vem.
Joana Darc Nunes de Araújo Alves Ferreira