Seguidores

quinta-feira, 18 de maio de 2023

ESCREVER ME FAZ BEM 3

 

 E como terminei falando na história anterior, com doze anos, eu fui estudar na cidade, e continuei, papai sempre nos incentivou, e fazia questão que todos nós estudássemos, e como em casa eu ajudava muito, e na escola não me concentrava, a minha mãe achou melhor que eu ficasse na minha avó materna durante a semana, e na sexta, eu e Deta, íamos para o sitio ajudar nossa mãe, apesar de pobre e velhinha, a minha avó materna, era carinhosa e muito boazinha, na minha avó paterna já vivia Tereza e Bernadete.

  E fazendo companhia a minha avó, morava o meu primo e sua esposa, eu dormia no quarto da minha avó onde já tinha uma cama de solteiro, um ano depois a minha avó ficou doente, e não demorou ela morreu, eu já com catorze anos, ainda fiquei com meu primo na casa, mas ele conseguiu um emprego e saiu da nossa cidade, então a solução foi voltar para o sitio e vir todos os dias estudar.

Por um tempo a casa ficou fechada, então o nosso pai, como homem batalhador e determinado que sempre foi, ele conseguiu comprar as partes dos herdeiros. E finalmente, quase com dezesseis anos, a nossa família, nos mudamos para cidade, Jesus e que casa! No centro da cidade, ó gloria, risos. A igreja dois minutos, a praça, prefeitura, colégio, em fim tudo de bom, mas não, as portas cheias de frestas, as janelas! Idem, o bom era que só, nós víamos lá fora, pois é gente, infelizmente a pobreza continuava, só que pior, no sitio tinha os pés de frutas, mãe criava galinha, e nunca nos faltava batata doce e abobora para ajudar no feijão, sem contar, sempre era época de alguma fruta, além do mais, mãe fazia hortas num açude que tinha, no nosso sitio sofríamos menos.

A casa, só tinha nós, os moveis? cadê? As minhas irmãs mortas de vergonha, então me pegavam para cristo, todo mandado quem fazia; eu. E como eu já estava acostumada a ser pau mandado continuei.

O banheiro um buraco negro para fazer número um e dois, descarga? Com balde. Eu não sei quem inventou aquele banheiro, feito de cimento, tínhamos que ficar de cócoras para fazer as necessidades e acertar o buraco negro, ou sofrimento da molesta dos cachorros.

Há! E a água? Mesmo sistema do sitio, quer dizer lata d’água na cabecinha de bater bife, um sufoco, nós íamos buscar numa barragem que existia, o pior que tinha que passar pelas ruas, e a vergonha! Então madrugávamos, o mesmo acontecia com nossos trapos, abençoada barragem, porém tínhamos que madrugar mesmo, no mínimo quatro da manhã, se não, não, encontrava um lugar.

Quando eu ficava para estudar era uma coisa, agora seria a nossa casa, o meu primo quem se virava com água, eu criança, nem via o quanto a casa era feia risos. Bom, gente! O pior mesmo era dia de feira, pense na canseira, a cambada do sitio achava pouco a nossa lasqueira, e se arranchava todos na nossa casa, (passava o dia, era um entra e sai) no caso deles vinha mesmo pra morar, chegava oito horas e só iam embora cinco da tarde.

As besta-fera, eles vinham do sitio com uma sede, bebiam tanta água, quem sofria! Nós as cabeçudas. Sem contar que era atacando nossas comidas.

E como cagavam! Ai eu não sei como encontrei uma porta, botei no banheiro, mas a bendita era escorada com um pau, na porta da privada maldita de buraco negro escrevi (EMTUPIDA) O pior, era quando eu via um infeliz querendo furar o bloquei, eu corria e dizia; você não sabe ler? Coitados! Mais e nós! coitadas, aja sofrimento por conta das descargas, não tinha água que desce. Sim. Nós tomávamos café da manhã, e graças a Deus tinha pão, manteiga, nem sempre, almoçávamos, janta só pão com café preto. Um pouco preguiça de moer milho e fazer um xérem(Quirela) ou cuscuz quem é Nordestino sabe o que é. Logo que nos mudamos Bernadete (Deta) veio morar com agente, Tereza como já tinha se formado, ela foi dá aulas no sitio, e quando vinha ficava na nossa avó paterna, Deta trabalhava numa mercearia e ajudava muito em casa comprando alguma coisa, Deta sempre foi diferente, amiga atenciosa, eu nunca briguei com ela.

Antes de nos mudarmos todos para cidade, eu e Deta sempre íamos para o sitio para ajudar a nossa mãe, um dia foi muito engraçado, ela tinha um namorado, ele morava no sitio antes da nossa casa, e como eu sempre fui muito levada, ela com medo pediu, Darc, por favor, passa quieta na frente da casa do tal namorado, mas ao vimos animadas, lá vinha o tal namorado com seus bois, um bem bravo foi na nossa direção, e nós duas correndo pulamos na calçada da casa do cara mostrando o que não devia. Eu ria muito e falei; eita Deta! E você nos queria invisível, foi pior mostramos tudo. Risos. Nas férias ela dava aula no sitio, isso numa sala de uma vizinha, eu obvio ia para atentar. E sentindo o cheiro da comida, porque ela dava aulas de oito as onze, bem na hora do rango.

Então eu dizia; Deta, eu vou lá fora fazer xixi, ia nas panelas da mulher, pegava Girimum (Abobara) Enchia de comida e ia comer no mato, dois minutos, a mesma história, ela quase chorando dizia, mas tu não fosse agorinha, e eu, mas agora é cocó, e lá se ia roubar comida.

Ela geralmente de nervoso acabava aula antes do tempo e vinha até em casa nervosa comigo, foram tantas situações difíceis engraçadas, mas ao lembrar hoje, eu sinto saudades absolutamente de tudo, mesmo com nossas limitações e dificuldade eu sei eu fui muito feliz. Tem mais aguardem.

Joana Darc Nunes de Araújo Alves Ferreira

8 comentários:

Kaká disse...

Continue escrevendo, Dadá! Suas histórias são alegria na simplicidade!

Anônimo disse...

Estou aguardando ansiosa a continuação!! Boa noite.

Anônimo disse...

Bjs Kaká obrigada pelo carinho

Anônimo disse...

Vai rir muito ainda. Joana Darc Nunes de Araújo.

Anônimo disse...

Ou Darc como estou gostando de suas histórias 👏👏👏👏 continue escrevendo😍😘

Anônimo disse...

Que bom fico feliz bjs Joana Darc.

Anônimo disse...

Maravilha! Conte, conte...

Anônimo disse...

Obrigado Irene. Bjs Joana Darc.