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sábado, 25 de outubro de 2025

 

SETE DECADAS (continuação)

      Nós éramos em onze irmãos, a casa pequena pra tanta gente, no sitio quem via? Mas ali na cidade como sempre tínhamos que dormir em redes, até na sala, já que só existia dois quartos, no quarto da nossa mãe, cama de casal um guarda roupa e três redes para os menores, Deus ajudou e mãe comprou três cama usadas, uma de casal e duas de solteiro com colchão de capim, dormimos quatro, os meninos na sala, minha irmã mais velha continuou morando com nossa vó paterna.

      Nosso quarto mal cabia as camas e dois baús velhos da idade da pedra para guardar nossos poucos pertences, aos poucos mãe foi organizando, comprou outro guarda roupa, só jesus na causa, esse ficou no corredor, depois mãe comprou um móvel que era usado também para por nossas coisas.

      O pior era que o povo do sitio, dia de feira ficava lá em casa, era uma visão dos deuses, para não falar ao contrário risos, e como tomavam água e cagavam risos, como no sitio, na rua, nós tínhamos que botar água na cabeça chata, morrendo de vergonha de passar na rua, então muitas vezes acordávamos cinco horas da manhã para encher os potes, a água era pra tomar banho, inclusive dar descarga, pra cozinhar e beber mãe tinha que comprar  é gente, nós tínhamos banheiro, vocês tinham que ver, coitados de nós, tínhamos  que ficar de cócoras para fazer o número um e dois, limpar? Com Jornal ou papel de pão, graças a Deus nos livramos do sabugo ou folha de mato, risos, então pra evitar o desespero tive que ser drástica, encontrei uma porta jogada atrás de casa, eu amarrei e escrevi na porta da latrina, EMTUPIDO, mas não tinha sossego, dia de feira era uma comedia, quando alguém queria cagar, eu gritava não sabe ler? Está entupido. E como bebia água, nós tínhamos um filtro sim, mas dia de feira não enchia, um dia enchi, estávamos na praça que ficava de fronte a nossa casa, paquerando, rindo toda feliz, um amigo do sitio se ajoelhou e gritava aleluia irmão, venha, Joana Darc, Socorro, Ceia e algumas amigas que estava com agente, coram é milagre, nos assustamos, eu perguntei o que foi Ademar? Se ajoelhe minhas filhas, o que aconteceu praga? Filha pela primeira na vida encontrei o filtro cheio.

Eu não sabia se ria, ou se o matava, respondi, foi por puro esquecimento animal, vocês parecem que só tomam água quando vem na feira.

      Com tudo agente ria, até da nossa própria falta de tudo, hoje me lembrando acho engraçado, mas foi bem sofrido, se no sitio era ruim, na cidade sofremos mais, no sitio tinha as frutas, agora era tudo mais difícil, apesar que sempre íamos ao sitio buscar algo, e, papai deixou alguém tomando conta de tudo no sitio e nos trazia algo.

Papai sempre trabalhou em outros estados para nos manter, o foco dele era nosso estudo, papai foi um homem batalhador, esforçado que fazia das tripas coração para não nos faltar nada, mãe essa, qualquer pano fazia uma roupa pra gente, então Deus vendo os esforços dos dois, fomos sobrevivendo, depois Deus, foi preparando e minhas irmãs mais velhas, elas foram trabalhando e ajudando a nos manter, graças a Deus, todos  nós, hoje  mesmo com as lutas e atribulações, somos pessoas de bem e graças a Deus e aos nosso pais.

Joana Darc N Araújo Alves Ferreira.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oh tempo bom kkkkkkkk