MINHA CABEÇA
E VONTADE DE ECREVER NÃO PARA.
Óbvio! E como gosto de falar dos anos, que para muitos até
hoje é o tempo do ronco, porém, particularmente para mim, apesar de muitas
dificuldades, onde nos faltava até o essencial, eu não sentia falta de nada,
vivíamos livres, sem peso na consciência, sem ódio, magoa ou inveja, pra mim o
mundo era perfeito, isso morando num sitio, sem saber o que existia além do que
meus olhos conseguiam ver.
Hoje fecho os olhos e me pergunto; como nós conseguíamos viver daquela forma e sem reclamar? Era tudo
limitado, nossos pais não eram pessoas ruins, ao contrário, papai se virava nos
trinta para nos dá o melhor, coitada de mãe só lembro ela (buchuda) risos
gravida, eu lembro que mãe vomitava muito, e quando chegava o bebe, eu juro
acreditava que vinha do bico de algum passarinho, já que avião nem existia quase
na época, era um susto quando algum passava pelo sitio, porém era tão alto, que
só escutávamos o barulho.
Mas a pobreza era geral, no sitio todos vivíamos com
dificuldades, como sempre, o bom era época que chovia, porque aí sabíamos que
teríamos mais fartura, o frio não existia, por mais que esfriasse, mãe nos
cobria com lençóis de saco, comprava os abençoados, os deixava branquinho e
como ela tinha aquela máquina de pé, da idade da pedra, de dois sacos fazia um
lençol, graças a Deus, mãe sabia costurar, ela os fazia e também nossas roupas,
a bichinha se virava.
Com uns dez anos,
minha alegria era ir passar dias na casa de uma tia, irmã de mãe, madrinha Bia, na Paraíba divisa com Pernambuco, num sitio também, lá tinha minhas primas da
mesma idade e como nos divertíamos, meus tios, já viviam melhor que agente, meu
tio era marchante, então a carne era garantida. Até hoje minhas primas e eu
somos amigas.
No nosso sitio existia muitas crianças, os nossos vizinhos
era meus tios, com nossos primos sempre nos demos muito bem, aliás, brincadeira
não nos faltavam, como dormíamos com as galinhas acordava muito cedo, com
certeza tínhamos obrigações, desde pequena eu ajudava muito minha mãe, afinal
de contas, o que mais tinha era irmãos menores, como muitos faziam xixi nas
redes e eu odiava sujeira, todos os dias tinha que lavar roupa, isso com pouca água,
já que sempre existiu a falta de chuvas.
Existe algo, até hoje eu não entendo como sobrevivemos, o
banho de cuia, era normal, agora fazer o número dois e um no mato, daí limpar
as partes pudendas com sabugo de milho ou mato, aquilo sim foi a pior parte,
foi uma época de sofrimento, pobreza e escassez, mas apesar de tudo eu fui
feliz, não guardo magoa, no fundo sinto saudades, hoje apesar de terem de tudo,
algumas pessoas ainda são infelizes e revoltadas, nunca estão satisfeitos com nada.
Com catorze anos fui estudar na cidade, apesar da vergonha fiz amigos, ia e voltava geralmente com meu irmão no cavalo, meu irmão o próprio cavalo guiando o animal, morria de medo, ela só andava galopando, não sei como não morremos. Na verdade, foi uma época de luta, desafios, sacrifícios e falta de muitas coisas, mas de inocência, obediência e resignação.
Joana Darc N
de Araújo A Ferreira.
5 comentários:
A parte do sabugo foi a melhor 😅 Silvia Angelo
A parte do sabugo foi a melhor 😅
Pra vc ver, foi difícil.te amo
Vixe esse sabugo graças a Deus não usei.Mas no mais fomos sobreviventes.kkkkk
Kkkkkkk eu usei Jesus 👏👏👏👏
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