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sábado, 19 de julho de 2025

 

            MINHA CABEÇA E VONTADE DE ECREVER NÃO PARA.

 

Óbvio! E como gosto de falar dos anos, que para muitos até hoje é o tempo do ronco, porém, particularmente para mim, apesar de muitas dificuldades, onde nos faltava até o essencial, eu não sentia falta de nada, vivíamos livres, sem peso na consciência, sem ódio, magoa ou inveja, pra mim o mundo era perfeito, isso morando num sitio, sem saber o que existia além do que meus olhos conseguiam ver.

Hoje fecho os olhos e me pergunto; como nós conseguíamos viver daquela forma e sem reclamar? Era tudo limitado, nossos pais não eram pessoas ruins, ao contrário, papai se virava nos trinta para nos dá o melhor, coitada de mãe só lembro ela (buchuda) risos gravida, eu lembro que mãe vomitava muito, e quando chegava o bebe, eu juro acreditava que vinha do bico de algum passarinho, já que avião nem existia quase na época, era um susto quando algum passava pelo sitio, porém era tão alto, que só escutávamos o barulho.

Mas a pobreza era geral, no sitio todos vivíamos com dificuldades, como sempre, o bom era época que chovia, porque aí sabíamos que teríamos mais fartura, o frio não existia, por mais que esfriasse, mãe nos cobria com lençóis de saco, comprava os abençoados, os deixava branquinho e como ela tinha aquela máquina de pé, da idade da pedra, de dois sacos fazia um lençol, graças a Deus, mãe sabia costurar, ela os fazia e também nossas roupas, a bichinha se virava.

 Com uns dez anos, minha alegria era ir passar dias na casa de uma tia, irmã de mãe, madrinha Bia, na Paraíba divisa com Pernambuco, num sitio também, lá tinha minhas primas da mesma idade e como nos divertíamos, meus tios, já viviam melhor que agente, meu tio era marchante, então a carne era garantida. Até hoje minhas primas e eu somos amigas.

No nosso sitio existia muitas crianças, os nossos vizinhos era meus tios, com nossos primos sempre nos demos muito bem, aliás, brincadeira não nos faltavam, como dormíamos com as galinhas acordava muito cedo, com certeza tínhamos obrigações, desde pequena eu ajudava muito minha mãe, afinal de contas, o que mais tinha era irmãos menores, como muitos faziam xixi nas redes e eu odiava sujeira, todos os dias tinha que lavar roupa, isso com pouca água, já que sempre existiu a falta de chuvas.

Existe algo, até hoje eu não entendo como sobrevivemos, o banho de cuia, era normal, agora fazer o número dois e um no mato, daí limpar as partes pudendas com sabugo de milho ou mato, aquilo sim foi a pior parte, foi uma época de sofrimento, pobreza e escassez, mas apesar de tudo eu fui feliz, não guardo magoa, no fundo sinto saudades, hoje apesar de terem de tudo, algumas pessoas ainda são infelizes e revoltadas, nunca estão satisfeitos com nada.

Com catorze anos fui estudar na cidade, apesar da vergonha fiz amigos, ia e voltava geralmente com meu irmão no cavalo, meu irmão o próprio cavalo guiando o animal, morria de medo, ela só andava galopando, não sei como não morremos. Na verdade, foi uma época de luta, desafios, sacrifícios e falta de muitas coisas, mas de inocência, obediência e resignação. 

    

Joana Darc N de Araújo A Ferreira.

5 comentários:

Anônimo disse...

A parte do sabugo foi a melhor 😅 Silvia Angelo

Silvia Angelo disse...

A parte do sabugo foi a melhor 😅

Anônimo disse...

Pra vc ver, foi difícil.te amo

Anônimo disse...

Vixe esse sabugo graças a Deus não usei.Mas no mais fomos sobreviventes.kkkkk

Anônimo disse...

Kkkkkkk eu usei Jesus 👏👏👏👏