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sexta-feira, 16 de maio de 2025

 

VOCE QUERIA VOLTAR A SER CRIANÇA?

            Você queria voltar ao passado, ou lembra do que viveu? Apesar das lutas, sofrimento e dificuldades, alguém pensa e sonha de como viveu? Eu digo voltar, mas lembro-me muito dos anos sessenta, mas vivi algo no final dos anos cinquenta que marcou, eu vi meu primeiro eclipse, mesmo os adultos falando uns pros outros que o mundo acabaria, como ficar com medo se eu tinha só seis anos? Outra coisa, como dormíamos em casa de taipa e baixa sempre via uma cobra andando nas telhas, eu morria de medo.

 Lembro-me que amava tomar banho de chuva, correr e pular em rios ou lagoas, apesar da pobreza, não existia tempo ruim, nunca cansava, muito menos reclamava de nada, eu não entendia se existia uma vida além do que nós vivíamos naquela sitio. Fogão a lenha, nada de moveis em casa, tudo era limitado, a nossa diversão era brincar de matar, com uma bola de pano, (jogo de queimada) academia (amarelinha) já maiorzinha nossa diversão, era ir à casa dos nossos vizinhos brincar de passar anel, isso já com doze anos, criança acha tudo novidade.

 Eu achava o máximo, ir à cidade e comprar um rolete de cana, alguém sabe o que significa? Isso tendo muita cana no sitio. Pra mim um fato inusitado e assustador, foi quando escutei o barulho e mesmo pequeninho vi um avião, depois vi o primeiro caminhão, foi bizarro, já tinha visto jipe quando íamos pra rua, nosso transporte era carro de boi ou cavalo, do sitio a rua era uns vinte minutos a pé, cidade, Itapetim Pe:

Radio não sabia nem o que era, até que o vizinho comprou um, foi a maior novidade. Bom para todos nós quando nos mudamos para pequena cidade Itapetim, foi uma alegria, na rua poucos tinha radio, então fazíamos nossas próprias diversões e brincadeira, quem precisava de rádio, quando existia uma difusora no colégio das sete as dez da noite com muita música.

 Há! Sempre vinha um circo para cidade, íamos por não ter outro divertimento, era pior que a encomenda, mas com certeza tinha gente que gostava. Era uma vida muito sofrida, simples, porém eu vivi momentos inesquecível.

Eu particularmente preferia ficar feito Peru, (rodando) quer dizer dando volta na praça flertando, como se dizia na época, ver novelas pra quer? A bendita televisão, no final dos anos sessenta, quem podia já tinha, mas as abençoadas chuviscavam mais que a garoa de são Paulo, era raro vermos uma imagem, dava medo, os artistas eram magros demais, ou gordos, horríveis.

Os endinheirados compravam uma vitrola e Lp com música boa, quer dizer popular brasileira, com muito Roc, daí faziam assustado na casa de alguém, era bem divertido.

Tanto no sitio como na cidade a lasqueira (pobreza) nos acompanhou, quer dizer nossa geladeira era um pote, o congelador um varal e o sol, se não como comer carne? Guara roupa, uns baús do tempo do ronco, camas quem tinha, o colchão era de capim, a maioria dormia em redes, na cidade fogão de carvão, era melhor do que a lenha, na sala cadeira de madeiras, na época, muitas casas, a chave era um ferrolho ou um pano.

Nós estudávamos a noite, mas no intervalo que era de vinte minutos ficávamos na praça, era só felicidade, o colégio era no centro da cidade, nas cidades pequenas inclusive a minha, a praça, no final de semana se transformava em festa, de sete horas até onze da noite, os jovens se encontravam.

Se eu fosse contar tudo que vivemos escreveria muito mesmo, mas tivemos sim, uma juventude sadia, feliz, com animação e muita simplicidade, mesmo nos faltado quase tudo, nós fomos felizes.

  Joana Darc Nunes de Araújo Alves Ferreira.

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